Loli ☕

Reflections of nothing. Some kind of a diary. Enjoy!

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017






Sei a resposta a todas estas questões. Mas isso todos sabemos.
No entanto, existe uma separação colossal entre o que se pode fazer, o que é suposto fazer, o que nos é permitido fazer e o que se consegue fazer.
Não é só porque queremos, que as coisas acontecem.
Não é por se esperar que as coisas aconteçam que elas vão na verdade acontecer.
É complicado quando o sentimento de derrota nos invade.
Quando um amigo nos desilude é mau, quando um familiar nos desilude, é mau. Mas nada se compara ao sentimento de desilusão quando vem de nós próprios.
Podemos encontrar todo o tipo de desculpas para apaziguar a dor, mas não resulta. Se resultar, lamento informar, mas estão apenas a iludir-se.
Quando se vê a luz no fundo do tunel, a alegria e a motivação são as primeiras emoções a surgir. Alguém que diz que vai existir um futuro, só amplia essas emoções e acresce o empenho e a determinação. Mas, é nas pequenas coisas do dia a dia que todos esses sentimentos começam a oscilar, a desvanescer. Especialmente, quando alguém nos estende uma mão cheia de esperança e depois a fecha e a recolhe... É quase como se caísse o mundo sobre as costas. 
O mundo fica mais escuro, mais triste, mais pesado.
E a questão que se coloca é, e agora?
O que faço?
Por mais buscas que se faça, por mais oportunidades que surjam, nunca somos o suficiente. Nunca chega. Falta sempre qualquer coisa.
E se o que falta só poder ser adquirido com ajuda? E se essa ajuda não chegar?
Pensamento positivo! Tudo se resolve! Dá tempo ao tempo! Paciência! 
Tempo... O tempo não para. O que hoje é novo, amanhã é velho.
A paciência vai-se esgotando com o passar do tempo. 
Infelizmente, há certas coisas e certas situações que não podem ser aprendidas ou ultrapassadas sem ajuda. 
E se o que mais ambicionamos só pode ser alcançado com ajuda? E se a ajuda não se manifestar?
Por mais positivo e otimista que seja o pensamento, as pessoas não são de ferro. Também se cansam e também se vão a baixo.
Não confundam a tristeza com o pessimismo. Não confundam o cansaço como a derrota.
Não entendam o meu desabafo como uma desistência. 
Este é o MEU desabafo. 


MP


terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Sempre que te vejo o meu mundo pára. 
É como se só existisses tu, é como se tudo à nossa volta se desvanecesse  Ao passares por mim no corredor, como se fosses a andar em câmara lenta, olhas-me e sorris, um sorriso muito aberto, de como quem viu o sol pela primeira vez depois de um temporal, quem me dera! Mas não, passas por mim a sorrir para as pessoas ao teu lado, e não me vês. 
Olho para baixo, o barulho e a confusão de pessoas volta ao normal. 
Em casa, sento-me na secretária, coloco o computador à minha frente e começo a trabalhar. 
Ou melhor, tento. 
A minha mente vai para onde eu não quero que ela vá. Não consigo evitar. 
Estamos sentados num jardim, no ramo de uma árvore centenária, numa tarde agradável. Ambos partilhámos os acontecimentos do nosso dia, rimos às gargalhadas, nem demos pelo tempo passar. Assistimos ao por do sol juntos. Ele abraçou-me e eu beijei-o, lentamente, não queria perder nem um segundo desta sensação. Senti-me flutuar no ar. Ouvi uma música de fundo, que ao início parecia estar a embalar-nos, mas passado uns segundos começou a distrair-me.
Dei um salto na cadeira, e olhei para o telemóvel que estava a tocar.
Adormeci. 
Foi mais um sonho. 
Acontece sempre o mesmo cada vez que adormecia, será que estou a ficar doida?
No corredor, passas por mim, sempre nos mesmos dias à mesma hora. Nesses segundos a minha vida pára para te ver passar e para fantasiar com o que poderíamos ser. 
Lá está, o que poderíamos ser e ter...  Apenas fantasio, penso e sonho com o teu aspecto, porque na realidade, não sei quem és. Não te conheço.
Tenho que começar a pensar mais em mim, não posso estar dependente da minha imaginação. Não posso deixar que ela me controle ou me tire o foco do que se passa à minha volta, nem dos meus objetivos.
Sento-me na cantina, no lugar do costume, levei a colher à boca e  pelo canto do olho reparei que te sentaste na mesa ao lado. 
Olhas-te para mim. 
Olhas-te mesmo para mim, não foi ilusão nem imaginação. 
Olho para ti, estás a sorrir para mim. O mundo voltou a parar.
Apenas nós existíamos.
Levantaste-te da cadeira, vieste até mim, com esse sorriso fantástico bem aberto e bem disposto. 
Sentaste-te em cima da mesa, de frente para mim, fixaste o teu olhar no meu, e lentamente a tua cara foi ficando cada vez mais perto da minha, até que comecei a sentir o teu cheiro, embora não soubesse que cheiro era esse. 
Os teus lábios ficaram perto do meu ouvido e sussurraste algo  que eu não entendi. O meu coração parou ao sentir-te tão perto. 
Ouvi o meu nome ao fundo do corredor, mas não me consegui mexer, não queria que este momento terminasse. Voltei a ouvir o meu nome, e outra vez, à quinta vez quebrei o momento e olhei para onde me pareceu vir o som.
- Hellooooooo! Estou a chamar-te à algum tempo!
Pelo que a minha amiga diz, a minha figura foi ridícula, no mínimo. 
Voltei a olhar para ti, mas estavas a conversar com teus amigos. 
E eu, perdida na minha super criatividade perdi a oportunidade para te dirigir a palavra. 
Nem um simples "olá". 
Nada.
Fiquei estupidamente a olhar para ti de colher na mão e de boca aberta! Lindo. Nem quero imaginar o que pensaste de mim.
Sinto-me uma causa perdida. 
Não posso continuar assim, decididamente!
Tenho que ir dar uma volta, um passeio. Vou ao jardim, respirar ar puro. Ter um momento lúcido de prazer.
Passaram alguns dias, tento ao máximo conseguir manter-me sã, manter-me na realidade. Uns dias resulta, noutros nem por isso. Mas considero isso um progresso.
Os meus passeios no jardim têm ajudado a minha mente a ficar sóbria. 
Reparei que o teu lugar na cantina passou a ser sempre o mesmo, na mesa ao lado da minha. As borboletas na minha barriga fazem sempre cocegas, e quando sorris para mim ao sentar, não consigo evitar mostrar todos os dentes que tenho na boca. 
Quase literalmente!
Progressos.
Vou dar o meu passeio rotineiro pelo jardim, desta opto por fazer mais alguma coisa sem ser caminhar. Levo um livro.
Sento-me no meu lugar do costume, num banco de pedra por baixo de uma árvore que agora começa a abrir as suas primeiras flores, respiro fundo e abro o meu livro.
Começo a minha leitura. 
Passado uns minuto noto que ele está no jardim, está sozinho e parece estar simplesmente a dar um passeio. 
Desta vez, não vou ficar a olhar. Não me vou distrair da realidade. 
Voltei a focar-me no livro. Dificilmente. 
- Olá. 
Virei a cabeça para o lado do som, e ali estava ele, ao meu lado, a sorrir para mim, a falar para mim. 
Perdi-me. 


MP

  

                           



Whenever I see you, my world stops.
It's like only you just exist, it's like everything around us fades. 
When you walk past me in the hall, as if you were walking in slow motion, you look at me and smile, a very open smile, like someone who saw the sun through first time after a thunderstorm, I wish! But no, you pass me by smiling at the people next to you, and you do not see me.
I look down, the noise and confusion return to normal.
At home, I sit down at the desk, put the computer in front of me, and start working.
Or at least, I try.
My mind goes where I do not want it to go. I can't avoid.
We are sitting in a garden, in the branch of a hundred-year-old tree, on a pleasant afternoon. We both shared the events of our day, laughed loudly, and the time flew away. We watch the sunset together. He hugged me and I kissed him, slowly, I did not want to miss a second of this sensation. I felt myself floating in the air. 
I heard the background music, which at first seemed to be cradling us, but after a few seconds it started to distract me.
I jumped up in the chair, and looked at my cell phone, it was playing.
I fell asleep.
It was another dream.
It always happens the same every time I fall asleep, am I going crazy?
In the hall you pass by me, always on the same days at the same time. In these seconds my life stops to watch you pass and to fantasize with what we could be.
There it is, what we could be and have ... 
Just fantasy, I think and dream about your appearance, because in reality, I don't know who you are. 
I don't know you.
I have to start thinking more about myself, I cannot be dependent on my imagination. I can not let her control me or focus my focus on what is going on around me, or my goals.
I sit in the canteen, in my usual place, I took the spoon to the mouth and out of the corner of my eye I noticed that you sat down at the next table.
You look at me.
You realy looked at me, it was not an illusion or an imagination.
I look at you, you're smiling at me. The world has come to a halt.
Only we existed.
You got up from the chair, you came to me, with that fantastic smile wide open and well-disposed.
You sat on the table, facing me, you fixed your eyes on mine, and slowly your face grew closer and closer to mine, until I began to smell you, although I did not know what that smell was...
Your lips stayed close to my ear and you whispered something I did not understand. My heart stopped when I felt you so close.
I heard my name down the hall, but I could not move, I did not want this moment to end. I heard my name again, and again, the fifth time I broke the moment and looked where the sound seemed to me.
- Hellooooooo! I've been calling you for some time!
From what my friend says, my figure was ridiculous at the very least.
I looked at you again, but you were talking to your friends.
And I, lost in my super creativity, missed the opportunity to address you.
Not even a simple "hello".
Anything.
I was stupidly looking at you with the spoon in hand and wirh my mouth open! 
Beautiful! 
I do not want to imagine what you thought of me.
I feel like a lost cause.
I can not go on like this, decidedly!
I have to take a walk. I'm going to the garden, breathing fresh air. Have a lucid moment of pleasure.
A few days have passed, I try my best to keep myself sane, to keep myself in the reality. Some days it turns out, in others not at all. But I consider that progress.
My walks in the garden have helped my mind to sober up.
I noticed that your place in the canteen was always the same, at the table next to mine. The butterflies in my belly always tickle, and when you smile at me as I sit down, I can not help but show all the teeth I have in my mouth.
Almost literally!
Progress.
I'm going to take my routine walk through the garden, this time I decided doing something else. 
I take a book.
I sit down in my usual place, on a stone bench under a tree that now begins to open its first flowers, I take a deep breath and open my book.
And begin my reading.
After a few minutes I notice that you are in the garden, you're alone and seems to be simply taking a walk.
This time, I will not stare. I will not be distracted from reality.
I returned to focus on the book. 
Difficultly.
- Hello.
I turned my head to the side of the sound, and there you are, at my side, smiling at me, talking to me.
I got lost.



MP